TÉCNICAS DE PESQUISA (DE COLETA DE DADOS)
Resumo elaborado
pelo Prof. Antônio Eustáquio de Moura, Universidade do Estado de Mato
Grosso/Campus de Cáceres.
Tipos de Técnicas de Pesquisa
- Pesquisa em
documentos (Pesquisa Documental)
- Pesquisa em
bibliografia (Pesquisa Bibliográfica)
- Entrevista
- Observação
- Questionário
Formulário
História de Vida
- Análise de
Conteúdo
- Técnicas
Mercadológicas
- Medições físicas,
químicas e biológicas.
1-Pesquisa em documentos (pesquisa
documental)
É a coleta de
dados em materiais escritos ou não escritos, constituindo o que se denomina
fontes primarias. Fontes primarias são constituídas de materiais escritos ou
não produzidos diretamente da fonte. 174
Exemplo de documentos:
documentos
escritos - atas, boletins de ocorrência, fichas médicas, documentos
jurídicos; documentos oficiais; correspondências, diários, fontes estatísticas.
documentos não
escritos - objetos, gravuras, mapas, filmes e gravações não editados,
maquinas e maquinários.
Locais onde
se encontram documentos (Fontes de documentação) - arquivos policiais, médicos, escolares;
arquivos públicos, arquivos de empresas, arquivos pessoais, cartórios, museus.
Vantagens
Permite a
realização de pesquisa sobre fatos do passado
Limitações
Pode haver
documentos com dados inexatos, distorcidos ou errados
Possibilidade de
falsificação de documentos
Não saber as
circunstancias em que foram produzidos
Cuidados no uso
de documentos
Buscar conhecer
a origem do documento e a condições que foram produzidos
Testar a validade
e a fidedignidade das informações
2-Levantamento de dados em bibliografia
(Pesquisa Bibliográfica)
É a realizada em
fontes secundárias, abrange todos os materiais tomados públicos em relação a um
tema de estudo desde publicações escritas (artigos de jornais, de revistas,
livros) até meios de comunicação orais (filmes, CDs, DVDs, discos). 183
Tipos de
fontes bibliográficas
- imprensa
escrita - jornais, revistas;
- meios
audiovisuais — programas de radio e TV, DVDs; CDs;
- material
cartográfico — mapas, gráficos.
- publicações —
livros, teses, monografias.
Observação —
diversos livros e autores de Metodologia não fazem a separação entre documentos
e bibliografia, considerando tudo como bibliografia.
Vantagens
Permite a
realização de pesquisa sem precisar deslocamentos para o local pesquisado
É relativamente
mais barata que as outras técnicas de coleta de dado
Acesso a
bibliografias ficou mais fácil com a digitalização de bibliografias
Limitações
Pode haver
bibliografias com dados inexatos, distorcidos ou errados;
Possibilidade de
falsificação de bibliografias;
Não saber as
circunstancias em que foram produzidos;
Em alguns casos
a existência de muito material exige a seleção e ou amostragem dos mesmos
Cuidados no uso de documentos
Buscar conhecer
a origem do documento e a condições que foram produzidos
Testar a
validade e a fidedignidade das informações
3 - Entrevista
É uma
conversação direta entre o pesquisador (entrevistador) e o entrevistado
(depoente), no qual através de perguntas o entrevistador obtém verbalmente do
entrevistado as informações que deseja. Pode ser feita diretamente (cara a
cara) ou via telefone. De acordo com Gil a entrevista é uma -. [“...] técnica
em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formulam perguntas,
com o objetivo de obtenção de dados que interessam à investigação” (1994, p.
113).
É um dialogo
assimétrico, que envolve poder, pois o pesquisador pergunta e o entrevistado
responde.
De acordo com
Gil, a entrevista e considerada uma técnica por excelência da investigação
social, tal como o tubo de ensaio para a química e o microscópio para a
Microbiologia (1994, p.113).
Vantagens da
entrevista
- Pode ser
aplicada às pessoas analfabetas, semi-analfabetas e alfabetizadas, pois não se
exige que saibam ler ou escrever;
- É flexível,
pois o entrevistador fazer outras perguntas para esclarecer fatos que quer
explorar mais;
- O
entrevistador pode motivar a pessoa a ser entrevistada e pode tirar duvidas de
perguntas não compreendidas;
- O numero de perguntas
não respondidas é menor do que no questionário ou formulário; Possibilita
captar as atitudes do entrevistado a cada pergunta — atitudes, condutas,
expressão corporal ou facial, tonalidade de voz que são expressões não verbais,
mas que são importantes para as analises de dados.
Tipos
de entrevista (de acordo com Lakatos e Marconi)
- padronizada ou
estruturada
- despadronizada
ou não-estruturada
- entrevista focalizada
- entrevista clinica
- entrevista não
dirigida
- painel
Entrevista Padronizada ou Estruturada
É aquela que têm
um roteiro (seqüência, ordem) de perguntas previamente estabelecida.
O motivo da
padronização é submeter os entrevistados as mesmas perguntas.
O entrevistador
não é livre para adaptar as perguntas à determinada situação ou depoente, de
alterar a ordem das perguntas, e de fazer outras perguntas.
Entrevista Despadronizada ou
não-estruturada
Não tem um
roteiro prévio de perguntas, apenas uma relação de tópicos a serem abordados na
entrevista.
O entrevistador
tem liberdade para desenvolver a conversa (entrevista) para obter mais dados
relacionados aos objetivos da pesquisa
Tipos de
Entrevista Despadronizada ou não estruturada
- Entrevista Focalizada
- Entrevista Clinica
- Entrevista não
dirigida
Painel
Consiste na repetição
de perguntas, de tempo em tempo, às mesmas pessoas, a fim de estudar a evolução
das opiniões em períodos curtos.
Desvantagens da Entrevista
- ocupa mais
tempo em relação às outras técnicas;
- exige
treinamento dos pesquisadores;
- custos com treinamento
de pesquisadores e na aplicação da entrevista;
- possibilidade
de o entrevistador influenciar, consciente ou inconscientemente, o entrevistado
(depoente), devido ao seu aspecto físico, suas atitudes, idéias e opiniões;
- receio do
entrevistado em responder as perguntas receando que sua identidade seja
revelada;
- vergonha da
pessoa entrevistada em responder certas perguntas na frente do entrevistador.
Observação -
grande parte desses problemas pode ser superada através do planejamento da
entrevista e preparo dos entrevistadores.
Aspectos importantes na preparação e
condução de uma entrevista
Preparativos
anteriores a realização da entrevista
- realização de
pré-teste da entrevista;
- preparação do
roteiro da entrevista (adequação aos objetivos da pesquisa);
- treinamento
dos pesquisadores.
- conhecimento
do assunto da pesquisa;
- conhecimento
da área de trabalho
- preparação
previa do grupo/comunidade onde será realizada a pesquisa
- se possível
marcação previa do dia e horário da entrevista;
Ações antes do
inicio da entrevista
- explicar a
finalidade da pesquisa, seus objetivos e relevância;
- ressaltar a
importância da participação e colaboração do entrevistado;
- assegurar o
caráter confidencial da entrevista
- no caso de
necessidade do uso de gravador, filmadora ou maquina fotográfica, solicitar
previamente a autorização do entrevistado;
- antes de ir
para campo revisar os materiais e equipamentos.
- levar e
preencher o caderno de campo.
Durante a
entrevista
- criar um
ambiente que estimule e faça o entrevistado ficar a vontade e falar
espontaneamente e naturalmente;
- iniciar as
perguntas após o entrevistado estar esclarecido e acomodado;
- fazer um
pergunta por vez;
- fazer
inicialmente as perguntas mais simples, menos complicadas e que não conduzem a
recusa de serem respondidas;
- de possível
fazer as perguntas por bloco de assunto (evitar idas e vindas).
- evitar
discutir e polemizar com o entrevistado caso tenha opiniões diferentes;
- buscar criar e
manter uma condição de cordialidade, simpatia e cooperação (rapport).
- evitar
perguntas que deixem implícitas ou influenciem as respostas;
Registro das
respostas
- cuidado com os
problemas da memória (esquecimento, distorções de fatos);
- se possível
fazer anotações durante a pesquisa e utilizar gravador ou filmadora;
- não deixar
passar muito tempo para anotar a entrevista;
- preencher o
caderno de campo.
Termino da
entrevista
- encerrar a
entrevista num clima de tranqüilidade; buscar deixar as portas abertas para um
possível retorno;
- agradecer a
cooperação do entrevistado, lembrar que geralmente ele não recebe nada pela sua
colaboração;
- No caso de
alguns tipos de pesquisa deve-se pegar uma autorização do entrevistado para uma
possível divulgação da entrevista (no todo ou em parte). Essa autorização pode
ser obtida no final da mesma ou após transcrição da entrevista gravada.
4 - Observação
É um tipo de
técnica de coleta de dados onde se utiliza os sentidos (principalmente a
audição e visão).
Tipos de
Observação
Segundo
Lakatos e Marconi (2002, p.192 - 195).
- assistemática,
sistemática;
- participante,
não participante;
- individual, em
equipe;
- na vida real,
em laboratório.
- Segundo Gil (1994, p. 105 -109)
- simples
- participante
- sistemática
Vantagens da
observação
- possibilita
colher informações que normalmente não são obtidas por outras técnicas de
coleta de dados;
- exige menos do
pesquisador do que as outras técnicas;
- possibilita
meios diretos de estudar uma ampla variedade de fenômenos;
- permite a
coleta de dados de atitudes comportamentais típicas;
Desvantagens
(limitações) da observação
- a ocorrência
espontânea de fatos nem sempre pode ser prevista, o que impede muitas vezes o
observador de presenciar o fato de seu interesse;
- os fatos podem
ocorrer simultaneamente dificultando a coleta de dados;
- a duração dos
acontecimentos e variável podendo ser muito longa ou rápida dificultando dessa
forma a observação dos fenômenos;
- presença do
observador pode inibir as pessoas que estão sendo observadas fazendo-as mudar
as ações e comportamentos dos mesmos;
Uso de
equipamentos e acessórios para a observação
Para apoiar a
observação, apoiar os nossos órgãos do sentido e ter medidas dos fatos
observados pode ser utilizada uma gama de materiais e equipamentos: Maquina
fotográfica; gravador, fumadora, decibelimetro (ruído), fita métrica, relógio,
cronômetro.
Importância
do uso do caderno de campo - anotações, croquis, nomes de pessoas,
anotações de informações e detalhes considerados importantes para a pesquisa,
dados da entrevista.
Importante para
a analise dos dados pesquisados.
5 - Medições Físico, químicas e biológicas.
Podem ser
consideradas um tipo de observação, mas devido a sua importância para pesquisa
da Ciências da Terra, área da Saúde etc., devem ter um tratamento diferenciado.
É o uso de
maquinas e equipamentos para medições de características físico, químicas e
biológicas de um determinado material, objeto, fenômeno.
Exemplos
Exames médicos e
biológicos na área da saúde;
Levantamento de
informações sobre o solo, plantas e animais na Agronomia, Veterinária etc.
Medições de
voltagem elétrica, tamanho/qualidade de mensagens, fotos e velocidade de
transmissão de dados na área da informática etc.
6 - Questionário
É uma técnica de
investigação (coleta de dados) em que o material com o roteiro das perguntas é
enviado para as pessoas. O questionário deve ser respondido por escrito não
sendo necessária a presença do pesquisador.
Não é cara a
cara
Vantagens do
Ouestionário
- economiza
tempo, e gastos com ida até aos informantes;
- atinge grande
numero de pessoas simultaneamente;
- não há gastos
com treinamento de pesquisadores para trabalho de campo;
- facilita as
respostas, pois mantêm o anonimo dos informantes.
- o informante
pode responder no local e horário que quiser.
Desvantagens
(limitações do questionário
- pequena
porcentagem de questionários devolvidos (em tomo de 25%)
- grande numero de perguntas não respondidas;
- não pode ser
aplicado às pessoas analfabetas ou semi-alfabetizadas;
- devolução
tardia prejudica o calendário dos trabalhos;
- não tem a
presença do pesquisador para responder as duvidas sobre alguma pergunta ou do
motivo do questionário;
-
desconhecimento da forma como o questionário foi respondido (ajuda ou resposta
de outras pessoas) que não o informante selecionado;
- leitura previa
das perguntas pode influenciar nas respostas
Observações
- necessidade do
pré-teste
- necessidade de
o questionário ser acompanhado de carta explicando o motivo do mesmo e de
preferência em papel timbrado da entidade onde a pesquisa é realizada.
7 - Formulário
É um conjunto de
perguntas feitas pelo pesquisador pan o informante cujas respostas são anotadas
pelo próprio pesquisador no roteiro das perguntas.
Diversos autores
não diferenciam Formulário de Questionário, considerando tudo como sendo
Questionário
Vantagens do
Formulário
- pode ser
aplicado para pessoas analfabetas e semi-alfabetizadas;
- pesquisador
está presente para tirar dúvidas sobre algumas perguntas e motivar o informante
a responder as perguntas;
- maior numero
de retorno do que o questionário;
- menor numero
de perguntas não respondidas;
- facilidade de
manusear os dados, pois é o próprio pesquisador que anota as respostas.
Desvantagens
(limitações) do formulário
- presença do
pesquisador pode influenciar nas respostas, e constranger o informante;
- ausência do anonimato
pode influenciar nas respostas
- menos
liberdade nas respostas devido à presença do pesquisador;
- mais demorado,
pois tem de ser aplicado a uma pessoa por vez;
- necessita
treinamento de pesquisador;
- mais caro,
pois exige deslocamentos para ser realizado.
História Oral
Fornece a versão
daqueles que participaram ou testemunharam o assunto pesquisado
Opção pelo
uso do Método de história oral
- depende do
tipo de questões colocadas no objeto de pesquisa;
- existência de
pessoas disponíveis para falarem sobre o assunto da pesquisa (vivos e
disponíveis e em condições físicas e mentais para falarem do assunto);
A escolha das
pessoas a serem entrevistadas
- levando em consideração os objetivos da
pesquisa é que escolhemos as pessoas a serem entrevistadas;
- o numero e o
tipo de entrevistados não obedece aos critérios de amostragem, pois a pesquisa
onde a historia oral pode ser utilizada é qualitativa;
- na escolha dos
entrevistados baseamos em sua posição no grupo selecionado para ser fonte de
dados e do significado de sua experiência;
- convém
selecionar as pessoas a serem entrevistadas entre aqueles que participaram,
viveram, presenciaram ou se interaram da ocorrência ou situações ligadas ao
assunto que o pesquisador pretende investigar e que podem fornecer depoimentos
significativos;
Para formular o
projeto de pesquisa e para escolher os entrevistados, o pesquisador precisa
conhecer o objeto da pesquisa e o papel dos grupos que participaram do evento a
ser pesquisado e as pessoas mais representativas destes grupos
As formas de se
obter um conhecimento prévio do objeto da pesquisa é através de fontes
secundárias e em documentação primaria.
Quando estas são insuficientes recorre-se à entrevistas curtas, de cunho
exploratório.
Numero de
entrevistados na história oral
A escolha dos
entrevistados segue critérios qualitativos e não quantitativos. O numero de entrevistados é variável, existe
casos em que basta um ser entrevistado para articular e contextualizar as outras
fontes ( que podem ser documentos, bibliografia etc.)
O numero de
entrevistados para a história oral deve ser suficiente para viabilizar um certo
grau de generalização dos resultados do trabalho, que possa permitir uma
analise dos dados. Este numero é
decidido pelo pesquisador que se baseia no pré-conhecimento que tem do objeto
da pesquisa
Para determinar
quando se deve parar de fazer entrevistas de história oral, utilizamos o conceito de saturação, de acordo este
conceito há um momento nas entrevistas que se começa a repetir o conteúdo. O pesquisador passa a ter a impressão de que
nada de novo vai surgir nas entrevistas.
Neste ponto o pesquisador deve tentar diversificar ao Maximo os
entrevistados ,evitando que ocorra uma saturação em função da homogeneidade dos
entrevistados.
Tipos de
história oral
Entrevista
Temática
História de Vida
Entrevista
temática
são aquelas que versam especificadamente sobre
a participação do entrevistado no tema escolhido como objeto da pesquisa.
História de Vida
A pessoa de quem
se obtém os dados, que tanto pode se um participante como um observador do
fenômeno social, relata sua própria história.
O investigador
(pesquisador), através de uma serie de entrevistas, procura fazer a reconstituição
global da vida desse individuo, tentando evidenciar aqueles aspectos em que
está mais interessado.
ANALISE DE CONTEÚDO
É uma técnica de
pesquisa para a descrição objetiva,sistemática e quantitativa do conteúdo evidente [ou não] de uma comunicação. (MARCONI;
LAKATOS, 1990, 114)
Essa técnica
permite analisar o conteúdo de livros, revistas, jornais, discursos, películas
cinematográficas,propaganda de radio e televisão, discursos, diários, textos
etc. 115
Também
é utilizada para analisar o material obtido através de outras técnicas.
Por
exemplo: obtidos em entrevistas, historia de vida,pesquisa em documentos
e
pesquisa em bibliografias
Bibliografia (Fontes)
GIL, Antonio Carlos. Métodos
e Técnicas de Pesquisa Social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
MARCONI, Marina de Andrade;
LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa.
2.ed.rev. ampli. São Paulo: Atlas, 1990.
MARCONI, Marina de Andrade;
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
Metodologia Científica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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